May 3, 2007

Vien Ici, Boris, Vian!!!

"Tentei contar às pessoas umas histórias que elas nunca tivessem ouvido contar. Parvoíce pura, parvoíce dupla - só gostam do que já conhecem." B.V.


Não me interessa mto sentir-me realizada na minha personagem, interessa-me sentir a energia do que temos a dar a circular, porque não me interessa a minha personagem, ela faz o que tem a fazer, eu comovo-me a ver-nos funcionar juntos com entusiasmo. Aprendi a ser menos gananciosa do meu tempo, do meu espaço, de mim. Aprendi e cresci, é o mais importante para mim.

Houve coisinhas curiosas que fui descobrindo com os nossos exercícios, por exemplo que me sinto mto à vontade de olhos fechados, seja a correr ou a dançar. Percebi claramente, a diferença entre entregar-se à coisa, passar do momento de gelar e dar um passo no abismo e de repente estar a dar de forma genuína, ou o ficar a tentar racionalmente e não sair nada!

O teatro não tem a ver com criar tendo como instrumento não uma caneta ou tintas mas o ser humano? Por mais breve que tenha sido a experiência, pressenti o que será disponibilizar o corpo a inteligência as emoções e o ego. Será a forma de arte mais generosa?

Foram sendo arrancadas partes dos corações de cada um, umas com dor outras com gozo, mas não ficamos alienados, como as personagens da nossa aldeia.. são partes que estão a constituir o coração que paira sobre o nosso trabalho, sobre nós. CÉLIA

Já repararam que os nossos nomes por ordem alfabética separam
completamente os rapazes das raparigas?!!!!
MIKE

Um projecto novo com gente nova (umas mais que outras). Um desafio ao corpo e à mente. Um processo de descoberta e de libertação do “status quo". Foi um longo caminho em que por vezes as coisas não foram tão fáceis quanto esperado. Tão pouco tempo e tanto trabalho, um concentrado de emoções e vibrações.
Não é possível descrever a união deste grupo... mas sente-se, cheira-se, saboreia-se...! E sabe bem.
Os ensaios são fundamentais para manter a minha sanidade mental e fizeram o seu papel. Acho que fiz um esforço maior que nos anos anteriores por procurar, por me deixar ir com a peça, por não me censurar, e estou a divertir-me.
Gostei deste processo de descoberta própria e pessoal no desenvolvimento da minha personagem incógnita nesta peça. Gostei de descobrir um novo grupo de partilha para todas estas emoções - sabendo que a possibilidade de partilhar estas emoções é o que as torna tão fortes. CECÍLIA

Nunca fui nada dada à “grupalhada”... o teatro é um espaço muito especial, com contornos (ou sem contornos de todo) muito diferentes de todos os outros espaços. FILIPA

Eu sei que "O Arranca Corações" é diferente, único e especial acima das
palavras porque é nosso. De cada um que "arrancou" muito de si para se
entregar, para tentar e arriscar verdadeiramente apesar de todos os medos e
dificuldades. Foi uma construção que exigiu muito envolvimento em nós e com
os outros e é nessa partilha e generosidade que reside a nossa força.
Eu sei que estou a falar no plural e devia ser uma coisa mais individual mas
tenho a sensação que no palco vamos ter 12 corações a bater diferente, a
viver diferente, a sentir diferente... mas ao mesmo tempo a ser um só
pulsar. HELENA

caros co-actores, eu e o Britinho combinamos por volta das 14h30 espalhar flyers pelos
veículos motorizados de quatro rodas. Se alguém possui semelhante fetiche por favor junte-se a nós.
MIKE

Amizades, surgiu-me aqui uma espécie de qualquer coisa que poderá ser
usada para outra espécie de coisa qualquer. Como entenderem:
Não se pode escrever numa folha em branco sem esta deixar de ser uma folha em branco. Tudo que fazemos tem as suas consequências. E
julgá-las só aos outros compete.
BRITOMORTO

Eu acho que julgá-las (às consequências) a ninguém compete...
Acho isto um bonito retrato do Jaimemorto... uma folha em branco... que vai
sendo progressivamente escrita e rasurada e escrita e rasurada até ser outra
coisa qualquer...
Bem, livrai-me senhor das filosofias básicas e banais que fazem surgir os
espaços e tempos de pensamentos ensonados, mas quem me dera, quem nos dera,
que nas nossas folhas imaculadamente brancas não houvesse um dia espaço para
escrever sequer o nome, nem a data... e que continuássemos a riscar e a
riscar e a sublinhar e a romper e a rasgar... FILIPA

Não se pode escrever numa folha em branco sem que esta deixe de o ser,
Não se pode quebrar o silencio sem que este deixe de se ouvir,
Não se pode desejar estar longe sem realmente assim se sentir,
Não se pode brilhar no escuro sem que este deixe de existir,
Não se pode ver esta peça e continuar a mesma pessoa…
ps: a entrada é livre MIGUEL ÂNGELO

E agora um coiso um pouco diferente:

Inspirei até os pulmões chiarem e mergulhei no mundo do instinto original do homem, daquela existência livre das amarras da sociedade, onde o ser não é mais do que o que é. Nesta aldeia que todos revemos em alguém, forçam-se os limites da liberdade e da consciencia, da vergonha e do medo. O arranca-corações arranca um pouquinho de todos nós, daquilo que para nós era certo e que passa a ser questionado.

O primeiro coiso perdoava se não dissessem nada.
Mas este é obrigatório comentar! TODOS! Love, LA GLOIRE

Boris Vian “Insurrecto surrealista francês”. Vian nasceu em Ville d’Avray, Paris, a 10 de Março de 1920 e morreu a 23 de Junho de 1959, de ataque cardíaco, ao assistir ao filme a partir de um texto seu. Durante cerca de 20 anos de actividade, escreveu mais de 40 livros, entre os quais romances, novelas, contos, peças de teatro, poemas, crónicas de jazz, além de cerca de 500 canções. Iniciou a sua atividade literária escrevendo sob vários pseudónimos, entre os quais Hugo Hachebuisson, Bison Ravi (anagrama de Boris Vian ) e Vernon Sullivan. Dono de um estilo sarcástico, a sua literatura é marcada por um tom inconformista, antimilitarista, romântico, anarquista, para ficar apenas em alguns rótulos que lhe têm sido atribuídos com frequência. Para além de escritor, Vian foi um artista com vária facetas... compositor, trompetista, cronista de jazz, actor… sendo todas elas acompanhadas por um problema de coração que o afecta desde os 12 anos de idade. Vian estudou Engenharia Mecânica e foi nomeado "matador de primeira classe" no Colégio dos Patafísicos. A Patafísica é a ciência das soluções imaginárias: a missão era "explorar os campos negligenciados pela física e metafísica".

autor Boris Vian adaptação António Júlio, António A. Silva direcção António Júlio assistência de direcção Andrea Moisés, António A. Silva figurinos Rute Moreda sonoplastia António A. Silva interpretação Ana Filipa, Ana Freitas, Cecília Silva, Célia Manuela, Helena Marinho, Inês Sofia Sá, João Pinto, Joel Enes, Miguel Saraiva, Miguel Pires, Simão Jacques, Teixeira de Sousa

5 comments:

Ana Filipa Portugal said...

UAU…
Nós todos juntos… somos UM poeta!!!
Há partes que não se lêem… mas who cares?!? Quem quiser realmente ver o que lá está escrito, arranja maneira de o fazer, não é difícil!!!
Beijos, queridos…
I love you soooooooooooooo…
Filipa

Lenitah said...

Apenas um sorriso muito grande e sincero de mim para cada um de vós.

Anonymous said...

tou babada pela nossa "coisa". tou cheia de saudades, do stress, do teatro, mas essencialmente da partilha de todo e qualquer genero (coisas intimias ou impessoais, desde respirar a conversas intelectuais) tudo o que ocorre num grupo de 12, estes 12. axo que viciei,o tempo livre tá a dar-me uma ressaca. beijos e um abraço, a serio.

Ana, la Gloire said...

Eu sei que ninguém me curte, que ninguém me fala, que eu fico-vos com a vergonha e por isso conseguem escrever coisas tão bonitas... mas era preciso pôr o meu texto da cor do fundo do site?! :'(

O meu texto é só para os mais curiosos e atentos!

Hehe

Anonymous said...

hey! desculpem lá o mau jeito! eu quis q saissem assim, com várias cores e tamanhos, mas correu mal... e a porra do site escolheu novas cores e tamanhos... e tentei corrigir, mas tudo voltava ao mesmo!... entao, fui dormir e pensei q quando acordasse tudo estaria legivel e como eu imaginara... alguem me dê uma mãozinha nisto, senão volto a postar tudo outra vez, como deve ser!